O esporte mais popular do Japão há milênios, apareceu pela primeira vez no livro Kojiki (crônica das coisas de antanho), de 712 d.c., reza a lenda relatada no livro, que no século 5, deuses que habitavam as ilhas do arquipélago japonês teriam lutado para determinar a força do soberano. Como uma luta entre dois deuses, demonstrações foram feitas para imperadores e em festas religiosas nos templos xintoístas.

História

No século 7, já havia competições e segundo consta, o imperador Seiwa conquistou o direito de ocupar o trono, graças a uma luta de Sumo realizada em 858. Nessa época, a corte imperial promovia competições para assegurar boas colheitas e no século 16 já realizava-se torneios por todo país.

Com a regulamentação inicial de 51 golpes, o esporte começou a se tornar popular e na era Tokugawa (1603-1868) o Sumo se tornou profissional, financiado pelos daimyo (senhores feudais das províncias) e apoiados pela população. Desde então, a estrutura organizacional do Sumo moderno consolidou-se e seus elementos fundamentais permaneceram em grande parte, inalterados até os dias de hoje. Baseado na crença de que o Sumo fortalece o espírito e melhora o controle mental, a luta chegou as escolas, ao exército e as empresas.

Sumo Hoje

Ainda hoje, os lutadores de Sumo são como mitos e heróis no Japão. Existe no Sumo um sistema de hierarquia e o título máximo que um lutador pode alcançar é o de Yokozuna, “campeão supremo”. A Associação de Sumo promove seis grandes torneios por ano. Durante o torneio que costuma durar 15 dias, todos os lutadores se enfrentam e cada lutador faz uma luta por dia.

É declarado vencedor aquele que conseguir somar o maior número de pontos. Os lutadores ganham prêmios em dinheiro e são classificados num minucioso e complexo ranking.

O Sumo vem crescendo internacionalmente e fez com que diversos atletas de diferentes esportes de luta aderissem a prática do Sumo. Wrestlers, judo-kas e samboístas completam equipes de vários países na tentativa de se adaptarem ao esporte.

O primeiro estrangeiro a ter alcançado o título máximo de yokozuna em toda história do Sumo é o havaiano Akebono. Em 1993, a Associação de Sumo concedeu à ele o título de campeão supremo. Akebono aposentou-se em 2001.

No Brasil

O primeiro campeonato registrado no Brasil, aconteceu em 1912 na cidade paulista de Guatapará, uma das maiores concentrações de imigrantes japoneses no início do século. Saudosos da terra natal, treinavam em meio aos cafezais e organizaram, em Mogi das cruzes, 1962, o primeiro Campeonato Brasileiro. Em 1963, fundaram a federação paulista de Sumo.

A Luta

No Sumo vence a luta quem conseguir que o adversário coloque o pé fora do ringue (Oshi Dashi) ou que faça o oponente tocar o chão com qualquer parte do corpo que não sejam as plantas dos pés.

O choque inicial do combate é chamado banzai, onde os dois lutadores vão de encontro um ao outro com o objetivo de derrubar o adversário, ou empurrá-lo para fora da arena, o dohyo. É permitido ao lutador, agarrar e puxar o cinto (mawashi) do oponente para tentar desequilibra-lo. Tapas, empurrões e quedas também são permitidos, menos socos com os punhos fechados. As quedas são amenizadas pela gordura, massa corporal e pelo nó tradicional que prende o cabelo, hábito herdado do século 17. Não existe limite de peso e muitos lutadores passam anos tentando engordar o máximo. O peso médio dos combatentes é de aproximadamente 160 kg e o rikishi mais pesado de que se tem notícia chega a 270 kg.

Na realidade, o Sumo parte de uma cerimônia xintoísta e todo esse espetáculo ritualístico antes das competições, muitas vezes sobressaem-se às lutas. Até hoje, existe uma forte influência religiosa nas lutas, a começar pela arena que é um local sagrado, que fica sob uma réplica de um templo xintoísta. Por isso, antes de entrarem no ringue, os lutadores purificam-se lançando sal diante de si próprios.

Os encargos xintoístas recaem sobre o yokozuna. Ao se tornar “campeão supremo”, o lutador torna-se automaticamente um sacerdote xintoísta.

Glossário do Sumo

Tchiri – Movimento feito antes das lutas para mostrar que os lutadores não escondem armas, eles batem as palmas das mãos duas vezes e abrem os braços deixando as palmas das mãos visíveis.

Dohyo – O ringue em que é disputado o Sumo, uma plataforma quadrada (com uma altura de 60cm) feita de terra batida com um grande círculo desenhado com aproximadamente 4,55 metros de diâmetro.

Mawashi – A vestimenta de todos os lutadores de Sumo, que lembra um tipo de fralda usada tanto nos treinamentos como nas competições (o uso de sunga debaixo do Mawashi é facultativo).

O-icho – Penteado usado por todos os lutadores, em torneios ou ocasiões formais.

Tikaramizu- Água especial, colocada numa tina de madeira ao lado do ringue, com a qual os lutadores matam a sede antes de cada confronto. Serve também como ritual para concentrar as energias dos competidores.

Rikishi – Lutador de Sumo.

Shio – Sal que fica num recipiente ao lado do ringue. Antes de cada confronto os próprios lutadores espalham o sal no ringue para purificá-lo, eliminar os maus espíritos e proteger os atletas de contusões.

Yokozuna – A mais alta posição que um lutador pode chegar. Normalmente são chamados como lendas vivas do Sumo e ganham fortunas.

Tyon mague – Penteado (coques feitos no alto da cabeça dos lutadores) especial que só pode ser utilizado pelos Yokozunas. Somente eles tem autorização do imperador japonês para usar este penteado.

Gyoshi – Os árbitros das competições de Sumo que são ranqueados em oito níveis. Ele sobe no ranking de acordo com a idade e competência no Dohyo.

Dohyo Matsuri – Cerimônia xintoísta que abre qualquer evento de Sumo. Nela se homenageia os deuses e pede-se proteção e realização de boas colheitas.

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